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Se o medo mora na sua mente, você pode dar ordem de despejo.

A experiência humana é uma experiência interpretativa. A vida NÃO é sobre fatos. A vida é sobre a SUA interpretação dos fatos. Não existe algo chamado “realidade objetiva”.

Toda a experiência humana na Terra é interpretativa, subjetiva, sujeita a pontos de vista. Tudo que faz parte da sua experiência chegou até você de modo subjetivo; é conclusão sua, ou ao menos a conclusão de alguém, que criou uma interpretação com a qual você concorda, num dado momento da sua própria experiência.

Ao mesmo tempo, perceba que a experiência interpretativa só pode ocorrer de fato com base naquilo que ocorreu. Tentar interpretar o significado de algo que AINDA não aconteceu é absolutamente inútil, porque você não estaria interpretando algo - estaria interpretando a si mesmo, exclusivamente as suas expectativas ou projeções. Se algo não aconteceu no mundo; mas apenas dentro de você, dentro da sua imaginação, o que você estaria interpretando? Novamente: a vida não é sobre os FATOS. Mas é sobre a sua interpretação dos FATOS. O que existe apenas na sua cabeça ainda sequer é uma FATO a ser interpretado. Será que você deveria mesmo usar seu tempo interpretando o que não houve? Esse é um ponto que pode ajudar a economizar muito sofrimento e preocupação desnecessária. Enquanto você se ocupa de pensamentos que não aconteceram; há  coisas acontecendo no mundo, diretamente relacionadas à sua vida, as quais talvez você demore a interpretar; talvez até fuja delas. Um dos modos de fuga é justamente “fugir para dentro” ou “fugir para o futuro hipotético”. Enquanto algo está bem na sua frente, pedindo sua atenção, atitude e ação, você está distraído preocupando-se com o que sequer aconteceu. Quando isso acontece, ponto para o ego, que te distraiu novamente e manteve você no mesmo lugar da zona de conforto, mais uma vez.

A mente que mente

E o quanto eu deveria de fato buscar “interpretações” minhas para os fatos da vida, se eu sei que a mente é de certo modo, parte da ilusão?

Tudo é parte da ilusão. Apenas o amor não é. Apenas o amor é real.
Por isso, exceto o amor, todas as outras coisas e sentimentos são passageiros, impermanentes e transitórios, parte de uma experiência precária, curta e finita. Tão precária, curta e finita quanto sua existência. Exatamente como a sua mente. A sua mente é um recurso que você tem, dentro da ilusão, para lidar com aspectos da própria ilusão. Por isso é inútil vasculhar a sua mente atrás de razões e lógica para as coisas do AMOR. O amor não é parte da ilusão. É o que existe de real. Não segue lógica nem razão humana; nasce do espírito e é a própria força que cria a natureza, inclusive a natureza humana.

Mas o medo, o ódio, a ignorância, o preconceito: todas essas coisas são do mundo da ilusão. Elas existem no mundo da ilusão, exatamente como a sua mente existe. Portanto, é exatamente ali que pode ser resolvido, re-significado, alterado, desmontado. A libertação dos limites que a mente cria pode ser alcançada através da mente; aquilo que constrói a ilusão pode ser usado para destruir a ilusão.

O caminho para usar a mente desmontando as ilusões é o caminho do entendimento. O entendimento das razões. Algum autêntico entendimento vai ter acontecido quando você puder responder, de modo simples e direto, com uma ou duas frases no máximo, a uma pergunta sobre um fator ilusório. Por exemplo: há uma atitude de alguém que você considera irritante.

Por que?

Este PORQUE é extremamente importante, mas precisa ser O SEU PORQUE, verdadeiramente. Quando algo irrita, normalmente as pessoas passam imediatamente a falar DO OUTRO, ou daquilo que irrita, assim:

- “mas porque ele precisa fazer isso, se ele sabe que me irrita?"

- Mas porque isso te irrita?

- não sei, não interessa, só que irrita e fazendo isso ele está me afrontando!

Percebeu o ego inflado, tomando conta de tudo? Percebeu a vontade de controle do “outro”? Percebeu que já está dizendo que o outro “faz só pra te irritar” ? Na imensa maioria das vezes, as pessoas não fazem algo só para irritar alguém. Estão completamente inconscientes disso, e simplesmente seguem com suas manias e suas ações, sem nem se darem conta disso.

- “Mas eu já disse que me irrita! Porque ele não pode parar? "

Olha o ego novamente: se eu já disse que irrita, obviamente o outro teria “obrigação” de entender e modificar seu comportamento. Agora pergunte a SI MESMO quantas coisas as outras pessoas já te disseram que as irritam e VOCÊ CONTINUA FAZENDO. Esse é o ponto: não é sobre controlar o outro. É sobre entender a SI MESMO. quando você entender por que algo irrita VOCÊ - vai achar uma trilha para começar a desmontar aquela reação automática. Não significa que vai resolver a coisa em 5 minutos. Mas significa que se você se dedicar seriamente a entender PORQUE algo te irrita, vai, eventualmente, MODIFICAR aquilo através do ENTENDIMENTO do seu trauma, seu histórico com aquela situação, e por aí vai.

Tudo que é medo ou raiva ou ódio é SEMPRE, inevitavelmente, nascido de uma experiência (ou de uma “ilusão de experiência", que muitas vezes sequer aconteceu) que resultou numa “razão" criada pelo ego ou mente inferior.
Comece a desarmar seus medos exatamente usando sua inteligência para compreender a raiz de cada medo, ódio ou raiva. Uma vez compreendia a “razão" passará a ser uma escolha sua manter o padrão. Mas você poderá escolher começar a mudá-lo. Como muita coisa na vida, não é necessariamente fácil, e pode não ser muito divertido.
Mas, sem dúvida é simples. E se existe uma verdade fundamental sobre o ser humano é: quando algo realmente o incomoda, quando a situação fica realmente insuportável, ele faz alguma coisa a respeito; seja o que for.
A idéia fundamental aqui é que você não precisa esperar até que fique insuportável para começar a agir e mudar. Acredite: isso pode lhe poupar muito sofrimento.