Da próxima vez que for a um parque ou a um local na natureza, considere deixar para trás os gadgets, os polares, os relógios, os celulares.
Considere vestir apenas o necessário para não ser preso ou causar problemas. Não leve NADA que não seja absolutamente indispensável.
Chegando lá, tire os tênis e caminhe descalço, de-va-gar, sentindo a terra e a grama abaixo dos seus pés por um bom tempo. Considere pedir desculpas à natureza porque você se afastou, e permitiu que seus pés não estivessem prontos para perceber a perfeição do terreno natural. Caminhe suavemente. Sinta a grama gentilmente fazer um tipo de acupuntura por toda a sola dos seus pés. Se puder, tire a camisa, deixe o sol lhe encher de vitamina D.
Em silêncio, caminhe sem pressa. Pode ser que, mesmo em São Paulo, os cantos dos pássaros e o som do vento nas folhas te surpreenda. Pode ser que você perceba, finalmente, o quanto sente falta disso.
Depois, mesmo que tenha de recolocar os tênis para isso; ande, corra, estique-se. Canse. Sue. Derreta. Sinta seu coração na boca.
Perceba que os seus medidores internos vão lhe dizer quando é hora de parar. Você estará cansado. Beba água, muita água. Encontre uma sombra. Sente. Deite-se na grama. Relaxe.
Considere, mais uma vez, desculpar-se consigo mesmo e a natureza por não poder ficar nu e colocar toda a sua pele em contato com este pedaço de superfície natural do planeta. Procure uma árvore, toque-a. Sinta-a. Recoste-se nela.
Apoie-se nela, abrace, deite-se sobre ela, como faria um gato deitado sobre seus galhos. Toque as folhas que estiverem ao seu alcance. Sinta a textura, sinta o cheiro. Respire.Estique-se numa árvore, a coluna toda encostada ao tronco. Deixe-se descansar apoiado na força daquele ser vivo.
Faça tudo isso sozinho, ou com quem esteja disposto a ficar em silêncio e experimentar tudo isso com você. Com o tempo, pode ser que você redescubra que seus medidores internos são muito mais sofisticados, completos e poderosos que qualquer prótese mecânica ou digital.
Amanhã é domingo. Belo dia para começar a voltar a pertencer a você mesmo e reconectar-se aos seus medidores internos e ao planeta do qual sua matéria é feita.
